Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro: Combatendo o Racismo no Varejo de Luxo

A Cogna Educação e o Movimento pela Equidade Racial (MOVER) anunciaram a abertura de inscrições para a oferta de 10 mil bolsas de estudo em cursos livres, online e gratuitos, direcionados exclusivamente a profissionais autodeclarados negros. Essa ação, que integrou a meta de criar 3 milhões de oportunidades até 2030, foi um passo estratégico para ampliar a empregabilidade e fortalecer a representatividade de pessoas negras no mercado de trabalho. A parceria previa um total de 30 mil bolsas distribuídas ao longo de três anos.

Os cursos, que foram ministrados pela Faculdade Anhanguera, tiveram carga horária média de 40 horas e emitiram certificado reconhecido. O catálogo de trilhas de aprendizagem contemplou áreas como Tecnologia e Inovação, Liderança e Gestão de Pessoas, Comunicação e Marketing Digital, Gestão Empresarial e Sustentabilidade e Inclusão.

Na ocasião, Fernando Soares, gerente de projetos do MOVER, reforçou que a iniciativa buscou ir além da capacitação técnica, focando na criação de uma oportunidade real para o desenvolvimento profissional. A vice-presidente da Cogna, Beatriz Sairafi, corroborou a visão, destacando a educação como a chave para a transformação social.

Em abril de 2025, a L’Oréal Luxo, em parceria com o Movimento pela Equidade Racial (Mover), lançou o Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro. Embora sem validade jurídica, esse código propõe dez normas para combater o racismo nas lojas de luxo, respondendo a uma pesquisa alarmante que revelou que 91% dos consumidores negros das classes A e B já sofreram discriminação no varejo de luxo no Brasil.

A Pesquisa e a Realidade do Racismo no Varejo

A pesquisa “Racismo no Varejo de Beleza de Luxo” identificou diversas formas de discriminação enfrentadas pelos consumidores negros, como olhares julgadores, atendimento desdenhoso e demora no serviço. Esses episódios não apenas prejudicam a experiência de compra, mas também impactam diretamente os negócios, com muitos consumidores optando por não concluir a compra ou sequer retornar às lojas.

Propostas do Código de Defesa e Inclusão

O código apresenta ações práticas, como:

  1. Treinamento Antirracista: Capacitação para vendedores sobre como lidar com vieses raciais.

  2. Representatividade: Garantir diversidade entre os funcionários e nas campanhas publicitárias.

  3. Produtos Adequados: Oferecer produtos que atendam às necessidades específicas dos consumidores negros, como tonalidades de pele e tipos de cabelo.

A L’Oréal já está implementando essas normas, incluindo a expansão de sua linha de produtos para a pele negra, com destaque para os produtos da Lancôme.

Impacto e Urgência da Mudança

Apesar de não ter valor legal, o código é um movimento ético que visa inspirar outras empresas a adotar práticas semelhantes. O mercado de luxo, ao ignorar a experiência de compra dos consumidores negros, perde uma parte significativa de seu público. Como afirma Natália Paiva, diretora-geral da Mover, a mudança precisa começar agora, e o código é um passo fundamental para essa transformação.

O Futuro do Código e a Inclusão no Mercado

O Código de Defesa e Inclusão do Consumidor Negro não apenas visa melhorar a experiência dos consumidores negros no mercado de luxo, mas também chama a atenção para a necessidade de mudanças estruturais e legislativas no varejo. A L’Oréal e o Mover esperam que o código inspire uma transformação mais ampla, garantindo mais equidade e inclusão em todos os setores.

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